O HOMEM MEDÍOCRE
Para o homem
medíocre, a sua cabeça é um simples adorno do corpo; pensa com a cabeça
dos outros; cresce e morre como planta; não necessita ser curioso nem
observador; vive uma vida sem realizações e significados!
Em 1975 chegou às minhas
mãos o livro “O Homem Medíocre” de José Ingenieros – (1877-1925)
– filósofo sociologista argentino. Tenho certeza que foi um dos melhores livros
que li na minha vida. Trata-se de um ensaio moral sobre a mediocridade humana,
como causa da rotina, hipocrisia e domesticidade do homem. São milhares de
citações sobre a moral, a mediocridade intelectual, os valores morais, sobre a
inveja e, para finalizar, sobre a mediocracia (democracia medíocre). Em 2018
teremos eleições para escolher os representantes do povo brasileiro. Nada mais
oportuno para citar, nesta coluna, algumas “pérolas” que selecionei de várias
partes desse livro (qualquer semelhança é mera
coincidência).
“Quando o ignorante
se julga igualado ao estudioso, o velhaco ao apóstolo, o falador ao eloquente e
o mau ao digno, a escola do mérito desaparece. A mediocridade é isso: os que
nada sabem julgam dizer o que pensam, embora cada um só consiga repetir chavões
e dogmas”.
“As mediocracias
negaram sempre as virtudes, as belezas, as grandezas. Deram veneno a Sócrates,
o madeiro a Cristo, o punhal a Cesar, o cárcere a Galileu e, enquanto escarneciam
desses homens exemplares, ofereciam o seu servilismo a governantes imbecís ou
davam o seu ombro para sustentar as mais torpes tiranias”.
“As jornadas
eleitorais se convertem em grosseiras negociatas de mercenários, ou em
pugilatos de aventureiros”.
“O que antes era
signo de infâmia ou covardia, torna-se título de astúcia; as sombras
envilecidas se levantam, e parecem homens; a improbidade se pavoneia, e se
ostenta, ao invés de ter vergonha e pudor”.
“Os desonestos são
legião; assaltam o Parlamento para se entregarem a especulações
lucrativas. Vendem o seu voto a empresas que mordem as arcas do Estado; pagam
os seus eleitores com empregos e dádivas oficiais”.
“Os medíocres
honestos não são assassinos, mas também não são heróis; não roubam, mas não dão
metade do seu pão ao faminto; não são traidores, mas também não são leais; não
assaltam a descoberto, mas não defendem o assaltado; não conspiram contra a
sociedade, mas não cooperam com o engrandecimento comum”.
Quem não conhece
uma pessoa medíocre? Aquela que possui poucas qualidades, pouco valor, pouco
merecimento e que vive a margem da razão?
Ela está por todos
os lados: nos Governos que protegem seus cabos eleitorais, nas empresas que não
entendem de gestão de pessoas, estudantes que compram provas e trabalhos
escolares, pessoas que lêem resenhas de livros e dizem tê-los lido todo,
analfabetos funcionais, aqueles que preferem assistir uma novela a ler um
livro, enfim todos aqueles que direta ou indiretamente atrasam o
desenvolvimento humano, seja por ignorância , seja por preguiça , seja por suas
crenças , seja por teimosia, seja por dinheiro.
Quanto às palavras
de Engenieros, que cada um tire as próprias conclusões…