segunda-feira, 30 de novembro de 2015


O HOMEM MEDÍOCRE

Para o  homem medíocre, a sua cabeça é um simples adorno do corpo; pensa com  a cabeça dos outros; cresce e morre como planta; não necessita ser curioso nem observador; vive uma vida sem realizações e significados!

Em 1975 chegou às minhas mãos o livro “O Homem Medíocre” de José Ingenieros – (1877-1925) – filósofo sociologista argentino. Tenho certeza que foi um dos melhores livros que li na minha vida. Trata-se de um ensaio moral sobre a mediocridade humana, como causa da rotina, hipocrisia e domesticidade do homem. São milhares de citações sobre a moral, a mediocridade intelectual, os valores morais, sobre a inveja e, para finalizar, sobre a mediocracia (democracia medíocre). Em 2018 teremos eleições para escolher os representantes do povo brasileiro. Nada mais oportuno para citar, nesta coluna, algumas “pérolas” que selecionei de várias partes desse livro (qualquer semelhança é mera coincidência).

“Quando o ignorante se julga igualado ao estudioso, o velhaco ao apóstolo, o falador ao eloquente e o mau ao digno, a escola do mérito desaparece. A mediocridade é isso: os que nada sabem julgam dizer o que pensam, embora cada um só consiga repetir chavões e dogmas”.

“As mediocracias negaram sempre as virtudes, as belezas, as grandezas. Deram veneno a Sócrates, o madeiro a Cristo, o punhal a Cesar, o cárcere a Galileu e, enquanto escarneciam desses homens exemplares, ofereciam o seu servilismo a governantes imbecís ou davam o seu ombro para sustentar as mais torpes tiranias”.

“As jornadas eleitorais se convertem em grosseiras negociatas de mercenários, ou em pugilatos de aventureiros”.

“O que antes era signo de infâmia ou covardia, torna-se título de astúcia; as sombras envilecidas se levantam, e parecem homens; a improbidade se pavoneia, e se ostenta, ao invés de ter vergonha e pudor”.

“Os desonestos são legião; assaltam o Parlamento para se  entregarem a especulações lucrativas. Vendem o seu voto a empresas que mordem as arcas do Estado; pagam os seus eleitores com empregos e dádivas oficiais”.

“Os medíocres honestos não são assassinos, mas também não são heróis; não roubam, mas não dão metade do seu pão ao faminto; não são traidores, mas também não são leais; não assaltam a descoberto, mas não defendem o assaltado; não conspiram contra a sociedade, mas não cooperam com o engrandecimento comum”.

Quem não conhece uma pessoa medíocre? Aquela que possui poucas qualidades, pouco valor, pouco merecimento e que vive a margem da razão?
Ela está por todos os lados: nos Governos que protegem seus cabos eleitorais, nas empresas que não entendem de gestão de pessoas, estudantes que compram provas e trabalhos escolares, pessoas que lêem resenhas de livros e dizem tê-los lido todo, analfabetos funcionais, aqueles que preferem assistir uma novela a ler um livro, enfim todos aqueles que direta ou indiretamente atrasam o desenvolvimento humano, seja por ignorância , seja por preguiça , seja por suas crenças , seja por teimosia, seja por dinheiro.
Quanto às palavras de Engenieros, que cada um tire as próprias conclusões…